03/12/2016

Transtorno da Personalidade Evitativa (Esquiva)

EvitativaO título desta postagem tem a palavra “esquiva” entre parênteses porque antes o Transtorno da Personalidade Evitativa, no DSM-IV-TR, era assim denominado. Já no DSM-5 o termo Esquiva foi substituído pelo Evitativa.
Aproveitando a introdução, falando do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), segue abaixo os indicadores diagnósticos citados pelo mesmo (5º edição) para diagnóstico do Transtorno da Personalidade Evitativa (DSM-5, p. 672):
Um padrão difuso de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:
1. Evita atividades profissionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de crítica, desaprovação ou rejeição.
2. Não se dispõe a envolver-se com pessoas, a menos que tenha certeza de que será recebido de forma positiva.
3. Mostra-se reservado em relacionamentos íntimos devido a medo de passar vergonha ou de ser ridicularizado.
4. Preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais.
5. Inibe-se em situações interpessoais novas em razão de sentimentos de inadequação.
6. Vê a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros.
7. Reluta de forma incomum em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas atividades, pois estas podem ser constrangedoras.
O Transtorno da Personalidade Evitativa está classificado no grupo C dos Transtornos da Personalidade, do DSM. Como já mencionei neste outro post, os transtornos são divididos em grupos por semelhanças nas suas características. Os do grupo C são transtornos ansiosos. Ou seja, têm em comum a ansiedade.

Causas

Evitativa(1)Talvez a afirmativa “medo da rejeição” seja a que melhor defina este tipo de personalidade. “A timidez é a experiência afetiva central” deste transtorno (Gabbard, 2006, p. 434).
O medo da rejeição, a vergonha e a timidez, ainda citando Gabbard (2006), podem ocorrer por diversos motivos. Pode ser por uma questão de predisposição biológica a evitar situações estressantes ou até mesmo por experiências adversas que ocorreram e culminaram em comportamentos evitativos. Cada pessoa tem seus motivos. Não há um acontecimento específico que cause o transtorno.

Sintomas e Diagnóstico

Evitativa(2)Além dos sintomas específicos citados no começo deste texto, em geral os indivíduos com Transtorno da Personalidade Evitativa se excluem das relações interpessoais por medo do julgamento que receberão.
As relações mais íntimas são entendidas como ameaças em potencial. O medo do julgamento, da descoberta de suas fraquezas e defeitos (reais ou não) faz com que o indivíduo se afaste das pessoas, evitando assim, ser “descoberto” e passar vergonha.
O diagnóstico deve ser feito pelo médico psiquiatra, que tem condições de avaliar se a ansiedade não é causada por outro transtorno ou até mesmo se não se trata de um Transtorno de Ansiedade, afinal as características do Transtorno da Personalidade Esquiva são semelhantes às da Fobia Social ou até mesmo do Transtorno da Personalidade Esquizoide.

Esquizoide x Evitativa

A principal diferença entre o Transtorno da Personalidade Esquizoide e o da Personalidade Evitativa é que neste último as pessoas gostariam de ter um convívio social mas não conseguem. Ao mesmo tempo que os evitativos anseiam ter relações sociais, também as temem. Já os esquizoides não têm interesse por relações sociais.

Tratamento

A psicoterapia deve ser ajustada à capacidade do paciente à medida que ele se demonstra disposto a enfrentar situações que geram sua ansiedade. Mesmo na Psicanálise, como diz Ward (2005) ao escrever sobre fobias, chega um momento em que o paciente deve enfrentar seus medos. O psicólogo ou psicanalista terá um papel fundamental no acolhimento e posterior encorajamento do paciente.
Apesar de Ward (2005), falar sobre fobia, considerei citá-lo porque tanto a fobia social quanto as fobias específicas (Aracnofobia, por exemplo) assim como os Transtornos da Personalidade do grupo C têm em comum a ansiedade.
Gabbard (2006) expõe um continuum, nos transtornos de ansiedade, que vai desde fobia social em uma extremidade a Transtorno da Personalidade Esquiva, em outra. O mesmo autor cita pesquisas que indicam a psicoterapia expressiva-de apoio como a melhor indicação para os casos de Transtorno da Personalidade Evitativa.
A psicoterapia expressiva-de apoio se ajusta às necessidades e capacidades de cada paciente em um continuum que vai deste técnicas mais expressivas e interpretativas (que exigem mais do paciente) até técnicas mais “brandas” que visam estimular a continuidade do tratamento e o encorajamento.
Psicólogo Fernando Parede
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Referências:
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 992p.

GABBARD, GLEN O. Psiquiatria psicodinâmica na prática clínica. Quarta edição. Porto Alegre: Artmed, 2006. 462 p.
WARD, Ivan. Fobias (2º ed.). Rio de Janeiro: Ediouro: Segmento-Duetto, 2005 (conceitos da Psicanálise, v. 2).
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